
A renúncia coletiva da Mesa Administrativa da Santa Casa de Misericórdia de Jaú, anunciada nesta segunda-feira (1º), deixou ainda mais exposta a fragilidade da saúde pública regional e provocou forte preocupação entre os trabalhadores. O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região (SindsaúdeJaú) alerta para os riscos de descontinuidade administrativa e possíveis impactos sobre os empregos, os direitos trabalhistas e o atendimento à população.
A entidade lembra que em 2022 houve demissão em massa na Santa Casa de Jahu, revertida parcialmente apenas após ação coletiva do sindicato, que obteve vitória na Justiça e garantiu a recontratação dos funcionários interessados em voltar. O temor é que a instabilidade atual abra espaço para medidas semelhantes.
“Não está claro se haverá uma nova chapa entre os 132 irmãos da Irmandade, se a Prefeitura intervirá, se o Estado assumirá ou se haverá apenas mais um repasse temporário para segurar a crise. Nesse cenário, quem sofre é o trabalhador e o paciente que depende do SUS”, destacou a presidente do SindsaúdeJaú, Edna Alves. Ela lembra que se há déficit hoje, ele tende a aumentar, tendo em vista que tramitam ações na justiça para cobrar valores não pagos a funcionários – entre eles, o pagamento do adicional de insalubridade de 40% devido na pandemia da Covid-19.
Jornadas de trabalho
Durante a coletiva, a direção do hospital mencionou diferentes jornadas praticadas por profissionais da saúde, de 24, 30 e 36 horas semanais, para justificar a necessidade de contratar cada vez mais. O SindsaúdeJaú esclarece que a jornada padrão da enfermagem é de 36 horas semanais, mas reforça que existe uma luta antiga pela redução para 30 horas, prática que já é realidade em parte da rede municipal de saúde.
Saúde como dever do Estado
O sindicato também critica a ausência de soluções definitivas das autoridades: “O que se vê é a repetição de repasses emergenciais que nunca resolvem o problema. O compromisso constitucional de oferecer saúde a todos não está sendo cumprido. A Santa Casa não pode ser refém de jogos políticos, e nem a população pode ser deixada de lado.”
Compromisso
Por fim, o SindsaúdeJaú reitera que continuará atuando em defesa da categoria e da população usuária do SUS, e cobra que Estado, Município e gestores assumam suas responsabilidades para garantir a continuidade do hospital sem prejuízos aos trabalhadores e pacientes. “Outras crises já foram superadas e esta também será. Mas é preciso decisão política firme, responsabilidade com o serviço público e respeito a quem faz a saúde acontecer no dia a dia”, conclui Edna Alves.