O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) inaugurou sexta-feira (11) sua nova sede, denominada Edifício Enfermeira Anna Nery, em homenagem à patrona da Enfermagem no Brasil. Com 12 mil metros quadrados de estrutura, o prédio conta com espaço adequado para a expansão das atividades da autarquia e para atender as necessidades e expectativas de crescimento e organização da profissão no Brasil.
“A grandeza da Enfermagem se expressa não somente pelo extraordinário contingente de três milhões de profissionais que atuam em todo o Brasil, mas, também, pelo impacto positivo que a nossa categoria causa nos principais indicadores de saúde da população. Essa nova sede simboliza essa grandiosidade e reflete o protagonismo de nossa profissão. A partir de hoje, o Edifício Anna Nery passa a ser a nova casa da Enfermagem brasileira, o ponto de onde vamos emanar nossas decisões, programas e projetos de desenvolvimento da maior categoria profissional da saúde no país”, afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri.
Acessibilidade e sustentabilidade
Localizado na EQS 208/209 – Asa Sul – Brasília/DF, o Edifício Anna Nery recebeu as certificações Leed e Green Globes – Journey to the net zero, em reconhecimento ao alto desempenho em áreas-chave, incluindo eficiência energética, qualidade do ar interno, conservação, reaproveitamento de água e seleção de materiais sustentáveis. Essas certificações atestam a pegada ecológica da construção. Praticamente tudo o que o prédio consome, ele mesmo produz. Além de otimizar o uso dos recursos elétricos e hídricos, a construção priorizou madeira de reflorestamento, com destinação adequada do entulho e desenvolvimento de sistema eficiente de coleta de água da chuva.
O prédio é adaptado para o acesso pleno de pessoas com deficiência visual e cadeirantes. A acessibilidade foi testada e aprovada por servidora pública cadeirante, na inspeção que garantiu o habite-se do imóvel. A nova sede conta, ainda, com espaços de acolhimento, como a ampla sala de amamentação.
Quem é Anna Nery
Nascida em Cachoeira, na Bahia, em 13 de dezembro de 1814, Anna Justina Ferreira Nery era uma mulher de família abastada, casada e mãe de três filhos. Sua vida tomou um rumo inesperado em 1865, quando o Brasil se viu imerso em um conflito armado contra o Paraguai. Seus filhos, um médico militar e dois oficiais, foram convocados para a guerra, e seu irmão também partiu para o front. Motivada por um amor incondicional e um senso de dever cívico, Anna Nery fez um pedido incomum ao presidente da Província da Bahia: ofereceu-se para acompanhar seus filhos e irmão, prestando serviços de enfermagem nos campos de batalha.
Seu pedido foi aceito, e Anna Nery foi incorporada ao corpo de saúde do Exército Brasileiro, sendo a primeira mulher a ter essa permissão. Sem formação formal em enfermagem, mas munida de uma vontade férrea, ela partiu para o cenário de guerra, onde encontraria condições sanitárias precárias, doenças endêmicas e a brutalidade dos confrontos.
Durante cinco anos, Anna Nery atuou em hospitais militares de campanha no Paraguai, Corrientes e Assunção. Ali, ela não apenas cuidou dos feridos e enfermos, brasileiros e paraguaios, com igual dedicação, mas também organizou enfermarias, improvisou postos de socorro e demonstrou uma capacidade inata de liderança e organização em meio ao caos. Sua presença levava conforto e esperança aos soldados, muitos deles em seus últimos momentos. Testemunhos da época a descrevem como uma figura abnegada, que não hesitava em enfrentar os perigos e as adversidades para cumprir sua missão.
Ao retornar ao Brasil em 1870, Anna Nery foi recebida como uma heroína nacional. Foi condecorada com a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira Classe, e o Imperador Dom Pedro II concedeu-lhe uma pensão vitalícia. No entanto, o maior legado de Anna Nery não se deu nas condecorações, mas na inspiração que ela proporcionou. Sua história de bravura e altruísmo despertou a atenção para a necessidade de profissionalizar o cuidado com a saúde no Brasil.
Sua vida e obra são um pilar fundamental para a compreensão da história da enfermagem no país, simbolizando a transição de um cuidado assistencial intuitivo para uma prática profissional organizada e respeitada. O nome de Anna Nery ecoa em escolas, hospitais e em cada profissional de enfermagem que, diariamente, dedica a vida ao cuidado humano.
Fonte: Ascom/Cofen
