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Caso único, Brasil passa de 200 mortes de grávidas e puérperas por Covid-19


30/07/2020
 

Patrícia Albuquerque, 38, de Colíder (MT), morreu no último sábado (25) sem conhecer a filha, Ana Beatriz. 

A menina nasceu com 34 semanas de gestação há pouco mais de um mês, quando a mãe foi internada num hospital de Goiânia (GO) por complicações da Covid-19.
 
A estudante de psicologia Patydan Castro, 34, de Rio Branco (AC), estava grávida de seis meses ao ser intubada em 12 junho também com a forma grave da infecção.
 
O bebê morreu três dias depois, após o parto na UTI onde a mãe estava em coma induzido. Ela se foi depois de oito dias.
 
A fisioterapeuta Viviane Albuquerque, 33, morreu em 5 de abril no Recife (PE). O filho havia nascido um dia antes, com 31 semanas, após uma cesariana de emergência feita pelo agravamento do quadro de Covid-19 da mãe.
 
O bebê sobreviveu.
 
Os casos se somam aos de outras 201 mulheres que morreram nos últimos meses na gestação ou no pós-parto após diagnóstico de Covid-19. Ao todo, são ao menos 1.860 casos da doença notificados nesse grupo de mulheres no país até o último dia 14 de julho.
 
Os números são do Sivep-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe) e estão sendo compilados por um grupo de obstetras e enfermeiras de 12 universidades e instituições públicas, entre elas, Fiocruz, USP, Unicamp e Unesp, que acompanha a mortalidade materna durante a pandemia.
 
MORTE MATERNA POR COVID NO PAÍS
País concentra 77% dos óbitos de gestantes e puérperas pela doença
 
124
das 160 mortes maternas associadas à Covid-19 registradas no mundo até o início de julho aconteceram no Brasil
 
22,6%
das gestantes ou puérperas que morreram não tiveram acesso a um leito de UTI
 
36%
dessas mulheres não chegaram a ser intubadas
 
Morte materna é um evento sentinela, ou seja, indicador da qualidade de saúde oferecida num país. Por ano, o Brasil registra cerca de 60 mortes de mulheres grávidas ou no pós-parto por 100 mil nascimentos de bebês vivos, uma taxa considerada alta. Portugal e Argentina têm 8 e 39 mortes por 100 mil, respectivamente.
 
O número de mortes durante a pandemia ainda é parcial, mas os pesquisadores já estimam um salto sem precedentes na taxa de mortalidade materna brasileira de 2020. Em 2009, a gripe suína foi responsável por
57 mortes maternas.
 
No último dia 9, o grupo das obstetras e enfermeiras publicou estudo na revista médica International Journal of Gynecology and Obstetrics com análise de 124 óbitos de gestantes e puérperas brasileiras por Covid-19.
 
À época, o número representava 77% das mortes maternas registradas no mundo devido à doença. Os Estados Unidos, que hoje lideram os óbitos gerais pela infecção, tinham registrado 35 mortes de gestantes e puérperas até o último dia 21.
 
Segundo o estudo, 22,6% das mulheres que morreram no Brasil não tiveram acesso a um leito de UTI, 36% não chegaram a ser intubadas.
 
“Há uma falha gigantesca na assistência. Com a pandemia de Covid-19, a rede de saúde está mais desarticulada”, diz a obstetra Melania Amorim, uma das pesquisadoras.
 
Para o grupo que fez o estudo, a má qualidade do pré-natal, recursos insuficientes para o manejo de situações de emergência e dificuldade no acesso aos serviços de saúde durante a pandemia são algumas das hipóteses que explicam o aumento de óbitos.
 
Segundo a médica Fátima Marinho, consultora sênior da Vital Strategies e professora de saúde pública da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o número de mortes pode ser ainda maior.
 
Além das lacunas nos dados dos óbitos de mulheres em idade fértil, há ao menos 97 mortes computadas como síndrome respiratória aguda grave. “Grande parte [destas] deve virar Covid porque não tinha diagnóstico [quando entrou no sistema]”, afirma ela, que também estuda o tema.
 
Marinho diz que esses números precisam servir de alerta para que os gestores de saúde melhorem urgentemente a atenção das gestantes.
 
O assunto foi discutido em um evento virtual do Conass (conselho dos secretários estaduais de saúde).
 
Segundo Maria Auxiliadora Gomes, pesquisadora da Fiocruz, os desafios de acesso e qualidade do pré-natal foram agravados pelas medidas de isolamento. “Nem todos os locais estavam preparados para fazer o acompanhamento das gestantes de forma remota.”
 
Além disso, ela diz que em algumas localidades, planos de contingência levaram à desativação de leitos de maternidade —o que foi contornado mais tarde, segundo o Conass.
 
O grupo de pesquisadoras acaba de publicar outra análise em que faz um recorte racial desses óbitos. Em 69 casos pesquisados, o risco de morte das mulheres negras foi quase duas vezes maior do que o das brancas (17% contra 8,9%).
 
“É um cenário aterrorizante. A frequência de comorbidades foi a mesma, mas as negras chegaram em condições mais críticas, com dispneia e queda de saturação de oxigênio. Tiveram mais necessidade de UTI e de ventilação mecânica”, diz Melania Amorim.
 
Para ela, o retrato reflete não só as falhas de acesso e de assistência do sistema de saúde mas também problemas socioeconômicos e estigmas que afetam esse grupo.
 
“As mulheres grávidas são terra de ninguém. Se estiver em maternidade sem UTI e desenvolver Covid grave, não terá a melhor assistência. Se for jogada numa emergência geral, vai encontrar profissionais que não estão familiarizados com as modificações que a gravidez causa no organismo”, diz Melania.
 
O grupo faz agora um trabalho mais minucioso para levantar dados sobre o local do óbito, o perfil do hospital que atendeu as mulheres, a distância e se elas tiveram acesso ao serviço.
 
Rafaela da Silva de Jesus, 28, por exemplo, morreu em 1° de abril em Itapetinga (BA) numa UPA enquanto aguardava ambulância para ser transferida para uma UTI em Campina Grande (BA).
 
O marido, Erivaldo dos Santos, 47, diz que ela apresentou febre e falta de ar seis dias após o parto. O secretário da saúde do município, Hugo Souza, afirma que Rafaela chegou a ser intubada na UPA, mas não resistiu. Ele ressaltou também que a mulher tinha comorbidade, asma brônquica.
 
Para Melania, as falhas assistenciais explicam muito mais as mortes maternas do que as eventuais doenças prévias das pacientes.
 
“Essas mulheres poderiam ser hipertensas, diabéticas, asmáticas, obesas e teriam muitos anos de vida não fosse o fato de terem contraído Covid-19 e terem encontrarem um sistema desestruturado, em que houve retardo do diagnóstico e das medidas terapêuticas.”
 
Um trabalho do CDC (Centro de Controle de Doenças americano) mostrou que a gravidez aumenta o risco de complicação por Covid-19, com mais internação e necessidade de ventilação mecânica, mas não houve maior risco de morte. “Se há protocolos de atendimento adequados, é possível evitar que elas
morram”, reforça Melania.
 
Fonte: Folha de SP
Foto: Arquivo pessoal
 
 
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