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A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (10), reunindo delegações de 194 paÃses em um momento decisivo para o futuro do planeta. O encontro ocorre em meio a uma escalada dos efeitos extremos do aquecimento global, como os tornados que atingiram cidades do centro do Paraná na última sexta-feira (7), confirmados pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Estado (Simepar).
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o discurso de abertura da conferência, ressaltando a urgência de uma ação coletiva para frear a destruição ambiental que já atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Em tom firme, Lula afirmou que “se os homens que fazem guerra se reunissem para preservar a vida, e não para destruÃ-la, terÃamos investido 300 trilhões em preservação e já terÃamos resolvido os problemas climáticosâ€.
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Lula destacou ainda que a COP 30 é uma oportunidade de “dizer a verdade sobre o que estamos vivendo e o que precisamos fazerâ€. Para o presidente, o desafio climático exige coragem polÃtica e cooperação global, especialmente num momento em que os eventos extremos se multiplicam e a desigualdade agrava os impactos ambientais.
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O presidente da COP 30, André Corrêa, reforçou essa visão ao declarar que esta é “a COP da economia e, como bem definiu o presidente Lula, a COP da verdadeâ€. Corrêa lembrou que a transição ecológica precisa estar no centro das polÃticas econômicas, e que o desenvolvimento sustentável deve ser visto como oportunidade, não obstáculo.
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Em seu discurso, o ministro do Meio Ambiente do Azerbaijão, Mukhtar Babayev, destacou a relevância histórica da conferência e fez um apelo para que o encontro não seja “em vãoâ€. “Entramos em um perÃodo em que não cabe mais apenas discutir: precisamos agirâ€, afirmou, defendendo o multilateralismo como único caminho possÃvel para enfrentar a crise climática de forma efetiva.
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Durante a cerimônia de abertura, parlamentares e representantes de organismos internacionais lembraram que conquistas passadas — como o Protocolo de Montreal, que em 25 anos reduziu em 95% os gases que causaram o buraco na camada de ozônio — mostram que a cooperação internacional é capaz de gerar resultados concretos. Também foi relembrado o Acordo de Paris, firmado há dez anos, que ajudou a conter o aquecimento global projetado de 4°C para nÃveis mais controlados.
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Apesar dos avanços, os lÃderes presentes reconheceram que o caminho ainda é longo e exige medidas imediatas, especialmente na redução de emissões de carbono, no combate ao desmatamento e no investimento em energias limpas.
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A COP 30 abre, assim, um novo capÃtulo na história das negociações climáticas globais — um momento de união entre ciência, polÃtica e sociedade civil, com a esperança de que a “COP da verdade†marque o inÃcio de uma virada concreta na luta contra a crise climática.
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Emergência climática é uma crise da desigualdade, diz Lula na COP30
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (10) que a governança global precisa contribuir a favor de uma transição justa para economias de baixo carbono que evite um colapso climático planetário. A declaração foi dada na abertura da 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), realizada em Belém. O evento prossegue até o próximo dia 21.
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"Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões. A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia. O desalento não pode extinguir as esperanças da juventude. Devemos a nossos filhos e netos a oportunidade de viver em uma Terra onde seja possÃvel sonhar", destacou o presidente.
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Em seu discurso, o presidente citou o pensador indÃgena Davi Kopenawa para pedir clareza aos negociadores.
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"O xamã yanomami Davi Kopenawa diz que o pensamento na cidade é obscuro e esfumaçado, obstruÃdo pelo ronco dos carros e pelo ruÃdo das máquinas. Espero que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito".
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Realizada pela primeira vez na Amazônia - bioma com a maior biodiversidade do planeta e um regulador do clima global -, a COP30 tem o enorme desafio de recolocar o tema das mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais
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Lula enfatizou que o aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo retroceder décadas de avanço, e lembrou do impacto desproporcional que mudança do clima causa sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis, o que deve ser levado em conta nas polÃticas de adaptação.
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O presidente reafirmou o papel dos territórios indÃgenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação do aumento das temperaturas, pela preservação das florestas e, consequentemente, a regulação do carbono na atmosfera. "No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indÃgenas. Talvez ainda seja pouco".
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CrÃtica aos negacionistas
Em seu discurso, Lula fez duras crÃticas aos que negam a ciência e usam a desinformação para contrariar as evidências trágicas das mudanças no clima global. Ele repetiu fala anterior de que a COP30 será a "COP da verdade".
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"Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas. Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado a um aquecimento catastrófico de quase cinco graus até o fim do século. Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada", apontou.
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Fonte: UGT e Agência Brasil